Venham os fim de semana preenchidos! Rua, muita gente, festas de criança, horas seguidas com os miúdos. Gostas tanto. Disso e de ben u ron. Juntos então, são uma conjugação vencedora.
Sábado. Acorda, futebolada dos rapazes, sapatos para a pequena, almoçarada com amigos, festa com insuflavel, jantar, xixi, dentes, cama. (Sim, ainda no meio de móveis e baldes de tinta)..
Domingo. Acorda. Muda a hora dos relógios de casa e do carro (não vás asneirar como TODAS as vezes que muda a hora). Festa com póneis e bicharada, almoço, festa de aniversário da tia na casa da avó e adeus que amanhã é dia de escola.
Chegas a casa. Relógio. Que tarde. Tens de preparar qualquer coisa rápida. Hoje estás sozinha, sem o sr. Cáustico. Há banhos para dar. Mesmo tarde, caramba. Os miúdos precisam dormir, pararam por momentos e parecem estar em exposição no Madame Tussauds. Bacilentos. De olhar fixo.
Pensa. Um jantar rápido. Bolas, pensa. Não caias na tentação. Não faças douradinhos. Too easy. Já ninguém faz isso. Os miúdos dos outros estão neste momento a comer bagas goji em saladas exóticas com húmus, raspas de cenoura, arroz integral, peixe pescado há 2 horas e sumo de romã acabado de fazer. Tudo biológico.
Vá lá, vês todos os dias inúmeras ideias de receitas fáceis e rápidas no insta, no fb, nas revistas de casa da sogra. Não planeias? Por favor, criatura! Não te deixes cair nos douradinhos! Tu és melhor que isso. No fundo, não. Percebes tanto de cozinha como um suporte de papel higiénico.
Um espaguete de atum - não há tomate
Um salmão no forno - não descongelaste o salmão
Uns ovos mexidos - comeram ovo ontem
Umas tostas com batatas de pacote - estás a ser má mãe
Courgete espirilizada com camarão - não tens espirilizador
Um empadão de qualquer coisa - demora demasiado
Croquetes, rissois, bolos de bacalhau - não, são fritos. Não se dá fritos aos miúdos.
E é sempre isto. Ou não é saudável, ou não tem proteína, ou os miúdos não comem, ou não tens um ingrediente. E de repente as refeições rápidas são um longo pesadelo.
NÃO FAÇAS DOURADINHOS.
Faz um esforço. Abre o frigorífico. O que tens?
Iogurtes. Enchidos. Arroz de ontem. Vinho. Doce de abóbora. Azeitonas. Minis. Um tupperware com um resto de comida que te sentes melhor ao deitar fora só depois de 3 dias a ganhar fungos. Um ramo de coentros. Babybel. Limão. Tens que melhorar este frigorífico. Um dia. Tens de ir todas as semanas ao super. Ah, já vais. Planeamento. É isso. Falta planeamento.
Salsichas não são saudáveis. Calma, sopa tens. Isso ta planeado. As mães sabem que pelo menos sopa tem de haver.
A sério.... Há receitas para aí aos pontapés, livros só de receitas rápidas para o improviso, artigos de 3 ou 4 ideias para frango rápido, atum rápido, bife rápido, massa rápida. É tudo tão rápido, caramba!
E no entanto, passaram 15 minutos só para tentares decidir o que vais fazer justamente em 15 minutos. Não há receita que tenhas todos os ingredientes, ou que não precisasse de haver algo descongelado. Ou fresco.
Mais 10 minutos. Mais pressão. Os miúdos estão mesmo cansados.
Está mais que visto que sentes a pressão. E ela afeta te.
Sabem o que é rápido??
Douradinhos! Os douradinhos são rápidos!! (A ler aos gritos com raiva da cozinha, culpa de mãe, em jeito de desafio misturado com esgotamento nervoso)
Enquanto lavas os traquinas e sai sarro como se fossem uma versão do Mogli, aquelas raspas de peixe aquecem e quase parece um jantar. Aqueces o arroz de ontem.
Aviem isso em três tempos. Sopa, raspas de peixe e maçã. Tens de comprar fruta da época, ok?
Ufa, pronto. Já está. Que rapidez. Hoje foi mesmo duro. Vá, Vamos para a cama. Xixi e dentes. Deitar. História. Beijinho. Mesmo a tempo. Que tarde, meus amores.
Estão a ver? Olhem para aqui. São 20:30............
Uma hora mais cedo que o habitual.
Todas as mudanças de hora. Todas.
Ju, a Cáustica
Ju, a Cáustica