Quando estava grávida do primeiro filho devo ter lido tudo o que havia sobre carrinhos de bebé, ovos, panos, slings, marsúpios e tudo o que envolvia transporte de crianças.
A informação é tanta que é difícil não nos dispersarmos! Fala-se de posições, materiais, peso, benefícios, conforto, agilidade ...
Mas afinal, qual é a melhor maneira de transportar o bebé?
Vários estudos têm demonstrado que carregar o bebé junto ao corpo da mãe e do pai (ou do cuidador) traz mais conforto e segurança para todos. O bebé deve andar ao colo!
Desengane-se quem pensa que a criança vai ficar mais carente ou medrosa. Antes pelo contrário! A segurança que o contacto físico traz ao bebé, ao sentir a protecção do adulto, o seu ritmo cardíaco e o cheiro, permite-lhe manter-se calmo e confiante para explorar o mundo e proporciona um melhor desenvolvimento cognitivo.
Com efeito, a inexistência de picos de stress e de adrenalina permite um desenvolvimento calmo e seguro, a fim de criar adultos independentes, confiantes e tranquilos.
Infelizmente muitos bebés continuam a ser expostos a grandes níveis de stress ao serem deixados a chorar supostamente para se fortalecerem ou "aprenderem" a acalmarem-se sozinhos. Esta corrente que teve muitos adeptos durante vários anos tem vindo a ser abandonada por estar demonstrado que o stress liberta cortisol adicional para o cérebro do bebé e destrói conexões nervosas, atingindo o sistema límbico (unidade responsável pelas emoções e comportamento social), o hemisfério esquerdo
(responsável pelo pensamento lógico e competência comunicativa) e o corpo caloso (estrutura do cérebro localizada na fissura longitudinal que conecta ambos os hemisférios).
Um interessante estudo efectuado por dois pesquisadores de Harvard (um na área da neurologia e outro na de traumas comportamentais) concluiu que o colo é benéfico para a formação de um indivíduo mais seguro e com menos propensão a desordens como o síndrome de pânico. Ao invés, quando o cuidador não atende o choro da criança cria uma "tensão resultante da separação precoce que causa mudanças no cérebro do bebé e que faz com que se torne um adulto mais susceptível ao stress".
(Veja mais sobre este estudo
aqui. Ainda com bastante interesse, para quem quer aprofundar mais este tema sobre a relação e impacto do colo e do contacto em bebé para a vida adulta, aconselho a leitura deste maravilhoso
estudo muito recente).
Para além desta parte emocional, que não pode ser transmitida de outra maneira, o colo traz ainda outros benefícios como:
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afecto (para além do colo ser uma manifestação de carinho, é mais natural e expontâneo que o adulto transportador vá dando beijos ou festinhas no bebé)
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calor (o que dá conforto e ajuda a aliviar as cólicas)
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alivia a dor (relaxa o bebé numa situação mais traumática ou invasiva)
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cria um maior vínculo com o cuidador (a aproximação também ajuda a criança a conhecer e a aprender mais sobre quem cuida dela, para além de proporcionar uma comunicação mais fácil)
- comodidade (é mais fácil para o adulto se movimentar, designadamente subir e descer escadas, andar nos transportes públicos ou passear na praia. Com o auxílio do pano, sling ou marsúpio o adulto fica ainda com as mãos livres para fazer outras coisas)
- dormir (por estarem mais confortáveis e calmos os bebés dormem mais tempo ao colo do que no berço)
- socialização (permite que o bebé tenha mais contacto com o mundo e que tenha um maior estímulo sensorial)
- correcto desenvolvimento muscular (se o bebé for transportado na posição natural de "sapinho", em vez de estar com as pernas penduradas ou esticadas, o quadril, coluna e o crânio desenvolvem-se de forma mais correcta. O bebé apresenta uma retracção natural das pernas em posição de sapinho, o que é necessário respeitar, para que a articulação do quadril que abraça a cabeça do fémur acabe de se formar adequadamente)
Assim, no sling, no pano, no marsúpio (tendo em atenção a posição das pernas), o importante é andar com o bebé ao colo!
Não digo que não ande no carrinho - até porque dá muito jeito em várias situações - mas as alcofas, ovos e carros não podem substituir o colo.
Pessoalmente gosto mais do sling e da mochila ergobaby, mas quem se ajeita com o pano diz que não há melhor.
O que é facto é que se o António (agora com 3 meses) estiver a chorar, basta colocá-lo no sling ou na mochila para o acalmar e, por regra até adormece ao fim de poucos minutos.
Cá em casa quem também lucra com o babywering (termo usado para esta forma de transportar os bebés junto de nós) é a cadela, que dá bons passeios e eu, que para além de sentir os meus bebés junto de mim, tento manter-me em forma neste período do pós parto, o que nem sempre é fácil....!
Susana "a corajosa"